Violinista da Orquestra Sinfônica Jovem de Taubaté, Formado em Licenciatura em Música, dá aulas de violino há cerca de 8 anos.

Mais detalhes sobre Ivanildo

• Há quanto tempo você possui uma paixão pela música, pelo seu instrumento preferido e/ou técnica musical?

  Meu primeiro contato com a música foi aos treze anos. Lembro de uma fala muito oportuna do Maestro Isaac Karabtchevsky, " O instrumento escolhe você, não é você quem escolhe o instrumento", e acho que comigo, como com muitos outros, aconteceu exatamente dessa forma. Fui convidado por um colega da infância a participar de aulas de música na igreja dele, era um galpão com poucas salas, de modo que em qualquer lugar do ambiente, você ouvia todos os sons. E de repente Voilà, fui invadido pelo som mágico do violino. O instrumento é sedutor, o professor na ocasião tocava algum trecho de uma das estações de Vivaldi. Violino, barroco e Vivaldi são ingredientes para um dos pratos mais deliciosos para o ouvido de qualquer iniciante. Desde lá sou fascinado pelo violino, e pela beleza do som do instrumento.

• Qual música pode pode ouvir no repeat sem se cansar (ou ficar doido) ?

  Nenhuma! Imagina um Chef de cozinha que não importe a ocasião precisa comer o mesmo prato em todas as refeições, por mais magnífico que o prato seja, seria certamente mais uma forma de castigo do que de prazer. O gostoso na vida, assim como na música, é conhecer, experimentar, descobrir e se fascinar por outras possibilidades. Algumas músicas/gêneros compõe o meu ser, fazem parte da minha personalidade. Entretanto, a medida que o tempo passo reconheço a beleza de outras possibilidades de organização sonora e me fascino por elas. Dessa forma renovo, amplio e refino meus gostos.

• Conte-nos sobre a aula mais difícil ou desafiadora que você já deu !

  Todas as aulas são desafiadoras. Cada aluno tem suas peculiaridades. Há uma frase de Jung que se tornou o meu mantra nas aulas "Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana." A minha formação anterior a graduação, foi uma formação "conservatorial". Eu fui educado para ser um músico erudito, sempre tendo em mente o mais absoluto controle técnico. Lá pela graduação, e em outras oportunidades, descobri que nem só de técnica vive o músico, mas também de toda arte que ele consome. E quando falamos de arte, a conversa ganha outros horizontes. Um dos maiores desafios das aulas, é fazer o aluno além da técnica, reconhecer a música como arte, expressão e linguagem, não só como um produto elaborado de refinamento estético. Oferecer ao aluno a experiência de, através da música, conhecer a arte é, para mim, o maior desafio.

• Qual, na sua opinião, é o instrumento/técnica vocal mais difícil de tocar/aprender e por quê?

  Os instrumentos cujos os valores no início são mais caros, com certeza são logisticamente mais difíceis. O preço de um oboé, harpa, contrabaixo ou um piano, para o aluno iniciante, não são muito convidativos. É uma dificuldade logística, e resulta no pouco conhecimento desses instrumentos pelo público geral. Infelizmente para esses instrumentos há um número reduzido de músicos, e um número ainda menor de professores.

• O que você considera ser a chave para o sucesso do aprendizado?

  Disciplina e persistência. Não interessa o quanto a sua motricidade seja aprimorada, ou a sua percepção bem desenvolvida. Se você não tiver um contato frequente com o instrumento, infelizmente, será uma aventura pouco frutífera. Na minha experiência conheci alunos com todas as facilidades possíveis, mas com pouco ou nenhum interesse, só viam o instrumento praticamente na aula. Vi outros alunos em condições nem sempre favoráveis que faziam um esforço descomunal para aprender. Ambos os casos citados não são regras. Todavia, a chave do sucesso passa por ter um objetivo consciente e possível. E se dedicar tanto quanto puder para alcançá-lo. Isso me lembra algo que me dizia uma professora que marcou muito a minha trajetória, " O tamanho do sucesso, é a profundidade do seu desejo".

• Cite três artistas que você amaria compartilhar um palco junto ! 😃

  Essa é difícil. Uma das experiências que mais enriquecedoras da minha trajetória foi compartilhar o palco com o grupo Palavra Cantada. Quem tem filho, ou dá aulas para crianças, certamente conhece o grupo. Do grupo eu conhecia canções que ensinei na musicalização, "Pé com pé", "O que que tem na sopa do neném", e convenhamos para o público em geral é difícil compreender qual necessidade a criança tem em cantar " Banana, Bananeeeeira". No show no aniversário da cidade de Mogi das Cruzes estava um coro de mil crianças, cantando a plenos pulmões todas as músicas decoradas no grupo. Impossível ignorar a relevância. Uma das músicas do show que me levaram a experiência a epifania, foi quando ele cantaram a música Aniversário.
  
  " É que hoje é meu aniversário
  E quando chega meu aniversário
  Eu me sinto bem maior
  Bem maior, bem maior, bem maior
  Do que eu era antes"
  
  Depois de ouvir isso, e sentir aquela energia. Meu colega de estante se virou e disse " Imagine um mundo em que todas as crianças tem oportunidade de se sentir da mesma maneira." Passei a pesquisar a obra do grupo, e entender o que se esconde atrás da ludicidade. Entendi o respeito a infância, em suas mais varias fases. Me alonguei. Amaria compartilhar o palco com Mônica Salmaso e o falecido Caymmi.

• Divida conosco uma história engraçada referente à sua profissão !

  Os iniciantes são uma fonte inesgotável de histórias. Tenho alguns alunos à distância em várias regiões do Brasil. Alguns desses iniciam as aulas já tendo comprado o instrumento. Os vendedores com preocupações mais comerciais do que pedagógicas acabam vendendo instrumentos desmontados. E para montar um violino, sem nunca ter visto como um é montado de perto. O youtube tem material vasto, os colegas sem empenham muito em colocar material de qualidade na internet. Porém, o que para alguns parece ser intuitivo, para outros nem sempre é lógico. Tive uma aluna que toda vez, na hora de guardar o violino, portanto depois da aula, ela tirava o cavalete. É como se para guardar o carro na garagem você tirasse uma das rodas.

• Qual seu segredo para ser um Superprof com um fã clube de alunos?

  Educação é amor, e amo o que faço. Amo conhecer alunos novos e participar de suas trajetórias. Possibilitar trocas enriquecedoras e mediar o caminho pelo conhecimento da arte. Se propor a trabalhar, com paciência, as dificuldades de cada processo pedagógico. Tendo um profundo respeito pelas necessidades do outro.