O pão de ló é um dos doces mais emblemáticos da doçaria portuguesa, conhecido pela sua simplicidade e sabor irresistível. Este bolo leve e esponjoso tem origens profundas na história de Portugal, e faz parte das celebrações de diferentes regiões e momentos festivos.
Na verdade, é mais do que um bolo, é uma verdadeira celebração da história e da tradição culinária portuguesa. Quer seja para uma ocasião especial ou para acompanhar uma tarde tranquila, cozinhar um pão de ló é também uma forma de manter viva esta herança deliciosa e de, ao mesmo tempo, saborear um dos maiores tesouros da nossa doçaria.
Mas com tantas receitas de sobremesas portuguesas tradicionais disponíveis, há muitas versões de pão de ló que pode provar e muitas receitas que pode experimentar fazer. E se tem interesse em saber mais sobre esta iguaria, continue a ler para descobrir a origem da sobremesa, as variações regionais que a tornam única e como a preparar na perfeição.
A origem do pão de ló
A história do pão de ló remonta ao período medieval, mas foi nos conventos portugueses, entre os séculos XVI e XVIII, que esta deliciosa iguaria ganhou fama. Na altura, as freiras utilizavam gemas de ovos para confecionar doces devido à abundância deste ingrediente, já que as claras eram frequentemente usadas para clarificar vinhos e para engomar roupa e conseguir os vincos perfeitos. Foi neste contexto que surgiu a receita do pão de ló, que inicialmente tinha o nome “pão leve” ou “pão mole”.

O nome “pão de ló” em si tem várias possíveis origens. Alguns historiadores apontam que deriva de “l'oeuf”, a palavra francesa para ovo, refletindo a influência francesa na doçaria conventual. Outros acreditam que o termo remete à textura do bolo, leve e esponjosa. Há ainda quem ache que é uma referência ao nome da pessoa que desenvolveu a receita que conhecemos hoje em dia.
A iguaria ganhou dimensão internacional no século XVIII, quando o pão de ló português foi apresentado na corte japonesa como “kasutera” durante as trocas comerciais com os navegadores lusitanos.
Desde então, o pão de ló tornou-se um símbolo não apenas da doçaria nacional, mas também da capacidade portuguesa de adaptar as tradições culinárias ao longo do tempo. Hoje em dia, o pão de ló continua a ser um doce indispensável na doçaria portuguesa.
Vários chefs e pasteleiros têm tentado reinventar a receita tradicional, e adicionar sabores como laranja, chocolate ou até recheios como doce de ovos.
Apesar das inovações, a receita pão de ló tradicional mantém-se como a favorita, evocando memórias de família e festividades.
Além disso, continua a conquistar o mercado internacional, com turistas e chefs estrangeiros fascinados pela sua textura única e simplicidade. Muitas pastelarias tradicionais enviam o pão de ló para diferentes partes do mundo, garantindo que esta herança portuguesa continue a ser apreciada além-fronteiras.
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As diferentes variações regionais
Talvez pense que o pão de ló é sempre igual, mas a verdade é que existem no país diferentes variações regionais deste doce, e cada uma delas reflete as tradições e preferências locais.
As mais conhecidas são as das seguintes regiões:
- Pão de ló de Ovar: originário da cidade de Ovar, destaca-se pela sua textura cremosa no interior, quase líquida, resultado de uma cozedura breve em alta temperatura. É um dos mais apreciados em Portugal, especialmente na época da Páscoa;
- Pão de ló de Alfeizerão: semelhante à de Ovar, a versão de Alfeizerão também tem um interior húmido, mas a sua textura é ligeiramente mais densa. Reza a lenda que a receita surgiu de um erro culinário, quando um pão de ló foi retirado cedo demais do forno e, para surpresa de todos, foi um sucesso;
- Pão de ló de Margaride: esta versão de Felgueiras é seca e fofa, ideal para acompanhar com chá ou café. É considerado um dos mais antigos de Portugal, com registos históricos que datam de 1730;
- Pão de ló da Beira Alta: mais simples na apresentação, mas igualmente saborosa, esta versão próxima da tradicional às vezes também é servida em tabuleiros retangulares e cortada em pedaços.
Nas regiões de Ovar e Alfeizerão, o pão de ló é uma verdadeira atração turística, com lojas e pastelarias especializadas que recebem visitantes durante todo o ano. Já na Beira Alta e no Norte, é comum encontrar o pão de ló em festas de aldeia e romarias, devido à sua ligação às tradições locais.
No fundo, cada uma destas variações reflete a diversidade cultural e a riqueza culinária de Portugal e é um elemento essencial na mesa de ocasiões especiais, de celebração e partilha, como a Páscoa ou o Natal. Na Páscoa, é indispensável na mesa de muitas famílias portuguesas, porque representa a abundância e a alegria desta época do ano. No Natal, também marca presença como alternativa ou complemento às rabanadas, filhoses e ao bolo-rei.
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A receita do pão de ló tradicional
A receita pode parecer fácil, mas preparar o pão de ló perfeito requer paciência e atenção aos detalhes. A simplicidade dos ingredientes ( apenas ovos, açúcar e farinha) exige uma execução precisa para alcançar a textura e o sabor característicos. Para o ajudar a começar, deixamos aqui uma sugestão de uma receita tradicional, que pode depois ser adaptada conforme a variação regional desejada.
Para esta receita pão de ló fofinho vai precisar dos seguintes ingredientes:
- 6 ovos inteiros;
- 6 gemas;
- 250g de açúcar;
- 125g de farinha de trigo peneirada.
O método de preparação não podia ser mais simples! Comece por preparar a forma. Utilize uma forma redonda com buraco no meio, forrada com papel vegetal sem untar. Este detalhe é importante, porque é ele que ajuda a criar a textura tradicional do pão de ló.
Depois, chegou o momento de mexer nos ingredientes. Com uma batedeira, de mão ou elétrica, bata os os ovos inteiros, as gemas e o açúcar durante cerca de 15 a 20 minutos, ou até obter uma mistura volumosa, clara e fofa. Este passo é crucial para incorporar ar, o que dá a textura fofa e leve ao bolo. Em seguida, peneire a farinha para remover grumos e adicione-a à mistura de ovos, aos poucos e de forma delicada, com movimentos envolventes. Evite bater para não perder o ar incorporado, e utilize antes um movimento em figura de 8 para incorporar todos os elementos.
Faça o teste do palito para determinar se tem a textura que deseja.
E chegamos ao momento de cozer o bolo no forno. Verta a massa na forma preparada e leve ao forno pré-aquecido a 180°C. Para um pão de ló húmido, deixe cozer durante cerca de 15 minutos. Para um pão de ló seco e fofo, aumente o tempo de cozedura para 25-30 minutos. Por último, retire o bolo do forno e deixe arrefecer ligeiramente antes de desenformar. Sirva simples ou acompanhado de uma chávena de chá!
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As dicas Superprof para conseguir o pão de ló perfeito
Se está a tentar fazer esta iguaria pela primeira vez ou já experimentou várias receitas mas nunca fica bem como esperava, deixamos algumas das nossas dicas para o ajudar. Não são bem regras ou passos a seguir, mas sim conselhos de coisas que podem ajudar a conseguir o resultado que espera.
Sugerimos que:
- Use ovos frescos e à temperatura ambiente: o sabor do pão de ló depende muito da qualidade dos ingredientes que utiliza. Se for possível utilize ovos caseiros ou orgânicos para um resultado melhor, caso contrário tente comprá-los o mais próximo possível de quando os vais utilizar em vez de pegar nos que tem no frigorífico. Até porque não devem estar frios quando os for bater;
- Não economize no açúcar: nada de pensar na dieta, se quer conseguir um resultado final perfeito precisa da proporção certa de açúcar para equilibrar o sabor e a textura. Por isso, nada de tentar reduzir a quantidade;
- Misture com cuidado: como mencionamos é essencial não bater com força quando estiver a incorporar a farinha, para não retirar o ar que está na massa. Deve ser delicado e misturar tudo com cuidado, para a massa se manter leve e fofa;
- Controle o tempo de cozedura: a cozedura é o que define a textura do pão de ló, seja ele húmido ou seco. Marque um cronómetro para verificar o bolo no final do tempo marcado e resista à tentação de estar sempre a abrir a porta do forno para verificar, senão corre o risco de ele baixar ou cozer mal, porque o forne perde temperatura.
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