Para todos os apaixonados por arte, a cidade de Madrid é uma excelente opção para incluir no seu roteiro de viagem. Se optar por visitar a região, temos uma dica que pode ajudá-lo a otimizar o seu tempo: não se esqueça de colocar o Museu do Prado como local prioritário no seu roteiro!
Sabemos que no meio de tantas opções de passeios turísticos, é provável que não tenha tempo de conhecer todos os cantos do país. Por isso, é melhor priorizar os lugares mais influentes de Espanha, e o museu do Prado, em Madrid, é sem dúvida uma atração imperdível.
Se ainda não está convencido, compilamos este artigo com algumas das informações essenciais sobre este local, bem como alguns dos quadros mais ilustres que encontra num dos melhores museus do mundo!
A história do Museu do Prado
O edifício que hoje em dia abriga o Museu do Prado foi projetado pelo arquiteto Juan de Villanueva em 1785. Foi construído para abrigar o Gabinete de História Natural, por ordens do rei Carlos III. No entanto, o objetivo final da instituição (ser o novo Museu Real de Pinturas e Esculturas) foi uma decisão do neto do monarca, Fernando VII, incentivado pela sua esposa, a rainha Maria Isabel de Bragança. Este museu, rapidamente renomeado Museu de Pinturas e Esculturas e, posteriormente, Museu Nacional do Prado, aberto ao público pela primeira vez em novembro de 1819.

Mas o seu desenvolvimento é muito mais complexa. Quando Carlos III regressou de Nápoles à sua cidade natal, apercebeu-se de que Madrid não tinha melhorado nem evoluído desde que de lá tinha saído. A cidade continuava aquele lugar que, convertido repentinamente em capital por obra e graça de Filipe II, cresceu precipitada e desordenadamente e de forma pouco consistente.
Decidiu assim encarregar o arquiteto real, de projetar um instituto destinado às Ciências e que pudesse albergar o Gabinete de História Natural.
Este projeto foi o culminar da carreira artística de Villanueva, sendo esta a maior e mais ambiciosa obra do neoclassicismo espanhol. Com a construção deste edifício, concebido como uma operação urbanística de elevados custos, o rei Carlos III pretendia dotar a capital do seu reino com um espaço urbano e monumental, como os que abundavam nas restantes capitais europeias.
As obras de construção do museu prolongaram-se durante muitos anos, ao largo de todo o reinado de Carlos IV. Mas a chegada dos franceses ao território espanhol e a Guerra da Independência, interromperam-nas. Durante este período, foi utilizado para fins militares, tendo-se aqui estabelecido um quartel militar. Esta utilização, bem como o passar do anos, levou à deterioração do edifício, que era cada vez mais notável. Esta questão incomodava bastante Fernando VII e a sua esposa, Maria Isabel de Bragança, que puseram fim a tal situação, impedindo que o museu chegasse à ruína total e recuperando-o.
Este foi um dos primeiros museus públicos de toda a Europa e o primeiro de Espanha, fazendo assim notar a sua função recreativa e educacional.
Isabel foi a grande impulsionadora deste projeto e é a ela que se deve o êxito final, mesmo que não tenha vivido para saboreá-lo, porque morreu um ano antes da grande inauguração do museu, a 19 de novembro de 1819. Com coleções de pintura e escultura provenientes das coleções reais e da nobreza, o museu detinha, aquando da sua inauguração, cerca de 311 obras de arte, todas elas de autores espanhóis.
Foi em 1868 que o Museu Real se converteu em Museu Nacional, na sequência da Revolução Gloriosa. No final do século XIX, mais precisamente em 1872, todo o repertório do Museu da Trindade foi doado ao Prado. As obras, de temática religiosa, eram na maioria expropriações dos bens eclesiásticos, como forma de amortização das dívidas do clero para com o reino.
Ao longo do tempo, obras importantes enriqueceram o repertório do Museu. Entre eles, podemos citar a magnífica coleção de medalhas doadas por Don Pablo Bosch, a vasta coleção de desenhos e artes decorativas pertencentes a Don Pedro Fernández Durán e o Ramón de Errazu Bequest da Pintura do século XIX.
O repositório do Prado, bem como o seu número de visitantes aumentou consideravelmente durante os séculos XIX e XX. De forma a acomodá-los de forma mais completa, o edifício Villanueva passou por várias expansões, até não ser possível mais nenhuma intervenção adicional. Quando se chegou a esse ponto, o desenvolvimento do Museu foi resolvido com a construção de um novo prédio localizado num local voltado para a fachada leste do Prado e conectando os dois edifícios por dentro.
O novo estatuto do Museu foi efetivado pela Lei do Museu Nacional do Prado, de novembro de 2003, e um Estatuto de alteração subsequente, aprovado pelo Decreto Real de 12 de março de 2004.
Coincidente com a execução do seu mais recente e ambicioso plano de expansão (entre 2001 e 2007), os últimos esforços do Museu para a modernização aconteceram em 2004, quando foram aprovadas mudanças na sua estrutura legal e estatutária. Estas modificações foram baseadas na necessidade de fornecer ao instituto uma gestão mais flexível, acelerando o seu desempenho e aumentando a sua capacidade de autofinanciamento.
A coleção permanente do Museu do Prado
Este museu alberga numerosas e valiosíssimas coleções, entre elas, a de pintura e escultura. O repertório de pintura é bastante completo e complexo, e encontra coleções de pintura espanhola, francesa, flamenga, alemã e italiana. Para os entusiastas que desejam aprofundar os seus conhecimentos artísticos, um curso de pintura pode ser uma opção enriquecedora.
Bela e interessante, a coleção de pintura francesa deriva das relações hispano-francesas no século XVII e das aquisições de alguns reis e nobres espanhóis, como Filipe IV e Filipe V. Reúne obras de pintores como Georges de La Tour, Valentin de Boulogne, Nicolas Poussin, Simon Vouet, Sébastien Bourdon e Claude Lorrain, bem como de Hyacinthe Rigaud, Louis-Michel van Loo, Jean Ranc, Antoine Watteau e de François Boucher.

O repertório de pintura espanhola é o mais importante do museu, sendo a que lhe concede o renome internacional que atualmente tem. Obedecendo a um critério cronológico, o Prado expõe desde os murais românicos do século XII à produção de Francisco Goya. Esta coleção alberga obras de pintores espanhóis de fama internacional, como Luis de Morales, Velázquez, Zurbarán, José de Ribera, Esteban Murillo, Luis Paret, Luis Meléndez, Vicente López, Eduardo Rosales, Mariano Fortuny, Joaquín Sorolla, José de Madrazo e o filho deste, Federico de Madrazo y Kuntz.
O facto de os Países Baixos terem integrado o grande império espanhol, durante o chamado El siglo de oro, explica a riqueza da coleção da escola flamenga no Museu do Prado. Alberga obras de pintores como Hieronymus Bosch, Petrus Christus, Dirck Bouts, Jan Gossaert, Pieter Coecke, Hans Memling, Pieter Bruegel o velho e Adriaan Isenbrant, tal como de Anthony van Dyck, Jacob Jordaens, Rembrandt e Gabriel Metsu.
Reduzida em número, mas de grande qualidade, a coleção de pintura alemã alberga obras desde o século XVI ao século XVIII, dedicando diversas salas a pinturas capitais de Albrecht Dürer, Lucas Cranach, Hans Baldung e Anton Raphael Mengs.
Com dezasseis salas dedicadas à sua exposição, a secção da coleção de pintura italiana alberga obras desde o período do Renascimento até ao século XVIII, reunindo quadros de artistas muito famosos como Fra Angelico, Antonello da Messina, Andrea Mantegna, Botticelli, Raffaello Sanzio, Andrea del Sarto, Antonio da Correggio, Parmigianino, Sebastiano del Piombo, Federico Barocci, Annibale Carracci, Caravaggio, Orazio Gentileschi, Pietro da Cortona, Luca Giordano, Giambattista Tiepolo, Pompeo Batoni, Giovanni Pannini e Corrado Giaquinto. Para além destes, podem aqui observar-se também obras de Ticiano, Tintoretto, Veronèse, Jacopo Bassano, etc.
Já a coleção de escultura é composta por mais de duzentas e vinte esculturas da Antiguidade Clássica, trazidas de Itália entre os séculos XVI e XIX. A coleção alberga esculturas do período greco-arcaico ao período helenístico, tal como do Renascimento. A coleção de desenhos conta com cerca de 4 mil desenhos, destacando os cerca de quinhentos desenhos de Francisco Goya, a maior do planeta. Duas salas, instaladas no segundo andar do museu, mostram rotativamente, por razões de conservação, esta importante e rica coleção. Por último, a coleção de artes decorativas é das mais bonitas e ricas do Prado, albergando até o famoso Tesouro do Delfim.
Se quiséssemos listar todas os quadros expostos no Museu do Prado, demoraríamos uma eternidade. Mas vamos conhecer alguns dos trabalhos dos grandes mestres que pode visitar no local:
- Missa de São Gregório, de Adriaan Isenbrant;
- A Morte de Viriato, de José de Madrazo y Agudo;
- A Condessa de Vilches, de Federico de Madrazo y Kuntz;
- Retrato de Ramón de Errazu, de Raimundo de Madrazo y Garreta;
- Retrato de Aline Manson, de Raimundo de Madrazo y Garreta;
- O Lavatório, de Tintoretto;
- A Anunciação, de Fra Angelico;
- O descanso da marcha, de José Benlliure Gil;
- Santíssima Trindade, de Pieter Coecke van Aelst;
- A Mesa dos pecados Capitais, de Hieronymus Bosch;
- A Rainha Maria de Inglaterra, de António Moro;
- Vénus e Adónis, de Paolo Veronèse;
- O Cavaleiro da Mão ao Peito, de El Greco;
- O Baptismo de Cristo, de El Greco;
- A Adoração dos Reis Magos, de Peter Paul Rubens;
- A Família de Carlos IV, de Goya;
- A Imaculada, de Bartolomé Esteban Murillo;
- Artemisa, de Rembrandt;
- Bodegon, de Francisco de Zurbarán;
- O Martírio de São Felipe, de José de Ribera;
- A Frágua de Vulcano, de Diego Velázquez;
- O Triunfo de Baco, de Diego Velázquez.
Outras obras importantes que pode visitar
Para saber melhor aquilo que o espera se optar por fazer uma visita, vamos dar mais alguns detalhes sobre algumas das telas mais famosas que fazem parte do repertório do museu.
O Jardim das Delícias, de Hieronymus Bosh
Esta é uma pintura a óleo sobre madeira, com painel central medindo 220 x 195 cm e painéis laterais de 220 x 97 cm. A obra é um belíssimo tríptico, feito em 1504, que descreve a longa história da criação.
Segundo o Génesis, a vida está entre o paraíso e o inferno, e entre o bem e o mal está o pecado. Baseado nestas preposições cristãs, Bosh inclui muitas referências bíblicas no quadro. Ao abrir, o tríptico apresenta um conjunto de três pinturas com referências cristãs: o paraíso, o mundo terreno e o inferno.
No painel esquerdo está a imagem do paraíso, uma alusão ao último dia da criação. É possível ver o detalhe do Éden: Deus, Adão e Eva. No centro está a própria representação da luxúria, onde os personagens celebram os prazeres da carne, sem nenhum sentimento de culpa. Por último, no lateral direito, temos o inferno, onde o pintor mostra um cenário cruel, onde o ser humano é condenado por todos os seus pecados.
Ao fechar a tríptico, a tela representa o terceiro dia da criação do mundo por Deus. Na parte superior pode-se ler o salmo 33: "Ele ordenou e tudo foi criado". Há quem diga que a visão da humanidade na obra de Bosh apresenta-se com um ponto de vista pessimista e moralizadora. Tal como existem especialistas que interpretam o tríptico fechado como representação da terra após o dilúvio.
Saturno devorando um dos seus filhos, de Francisco de Goya
Este quadro é uma das pinturas a óleo sobre reboco feita por Goya. A obra fazia parte da decoração dos muros da casa de Goya, na Quinta del Sordo, adquirida por ele em 1819.

O quadro pertence a uma série de telas chamadas "Pinturas negras". Estas obras do artista foram transferidas de reboco para tela em 1873 por Salvador Martínez, por encomenda de um banqueiro belga, Frédéric Émile, que tinha a intenção de as vender na famosa exposição Universo de Paris em 1878. Para o infortúnio do banqueiro e felicidade da humanidade, as obras não tiveram compradores e foram doadas ao Museu do Prado.
O afresco representa o deus Cronos, no exato momento em que está a devorar um dos seus filhos.
Segundo a mitologia, o deus Cronos ou Saturno devorava os seus filhos recém nascidos, por temer ser destronado, para impedir que uma previsão se cumprisse. Goya fez questão de representar a figura literalmente a devorar o corpo de uma criança, numa visão verdadeiramente aterrorizante.
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A Descida da Cruz, de Rogier Van der Weyden
Esta é uma representação espetacular de uma cena bíblica, a descida de Jesus da cruz após a sua crucificação.
Do pintor Rogier Van der Weyden, estima-se que tenha sido pintada em 1436 e é considerada uma obra-prima. Tal como O Jardim das Delícias, A Descida da Cruz era originalmente um tríptico. O quadro é a seção central de um tríptico, pintada por encomenda da confraria dos besteiros de Lovaina para a capela. Ficou na igreja de Lovaina durante mais de cem anos.
As obras dos anos que se seguiram foram muito influenciadas pelo trabalho deste pintor!
Passou rapidamente pelas mãos de Maria da Hungria, uma colecionista famosa, regente dos Países Baixos e irmã de Carlos V. Em 1555, foi levado por Filipe de Espanha para o país, após a sua viagem aos Países Baixos.
Mais tarde, Filipe II, afetado pelo comprometimento da obra, ordenou a restauração das partes danificadas das vestimentas e fundo, sem que afetassem as partes essenciais. A pedido de Filipe II, o pintor Juan Fernandez de Navarrete criou duas alas para devolver a obra ao seu estado original como tríptico. Infelizmente, as laterais foram perdidas ao longo do tempo.
As Meninas, por Diego Velásquez
Esta é, até hoje, uma das obras mais intrigantes e analisadas da pintura ocidental. Pintada em 1656, trata-se de uma composição enigmática e complexa que levanta questões a cerca da realidade e ilusão, podendo criar uma relação de incerteza entre o observador e os personagens representados na pintura.
A obra retrata a infanta de Espanha, Margaret Theresa da Áustria, cercada pela sua acompanhante, guarda-costas, madrinha, criança, cão... E o próprio autor está representado mais ao fundo! Se observar com atenção o espelho traseiro, verá Velásquez a pintar o rei e a rainha.
As Três Graças, de Peter Paul Rubens
As três Graças é um óleo sobre tela, pintada pelo belga Peter Paul Rubens em 1639. Este nome é famoso e é provável que o reconheça, porque o seu estilo de arte diversificado torna-o facilmente reconhecido.
O seu reportório inclui referência de cenas religiosas, mitológicas, retratos... E como grande conhecedor da arte antiga, Rubens pintou As Três Graças, as três divindades da mitologia, mas em estilo barroco.
Esta composição magnífica faz referência às deidades da mitologia, mais precisamente, as graças. Uma alusão as divindades da plenitude, também conhecidas como Cárites. Na tela, as três graças são representadas por mulheres nuas, entrelaçadas pelos ombros e em pé, com o objetivo de celebrar a beleza física. A mulher do meio está de costas para o observador e da direita, acredita-se que seja a esposa do artista: Hélène Fourment.
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Autorretrato com luvas, de Albrecht Dürer
O Autorretrato com luvas é um óleo sobre madeira, feito pelo alemão renascentista Albrechet Dürer, em 1498. Nesta tela, o artista optou por dar ênfase a si mesmo, evidenciado a sua aparência aos 26 anos de idade.
Como muitos estudiosos da Renascença, Albrech Dürer era gravurista, desenhista, além de teórico da geografia e matemática.
Danaë recebendo a chuva dourada, de Ticiano
Danaë faz parte de uma série de pelo menos seis versões da mesma composição do renascentista italiano Ticiano. Esta série centra-se à volta na princesa mitológica Danaë e a sua profecia. Segundo a mitologia, o primogénito da princesa mitológica Danaë acabaria por matar o seu pai e, por isso, esta deveria ficar isolada na torre de bronze.

No entanto, ninguém contava com o truques de Zeus. Ardente pela luxúria, desceu do Monte Olimpo para seduzir Danaë, metamorfoseando-se em forma de chuva de ouro. E mesmo ciente das consequências, a princesa deixou-se seduzir e engravidou de Zeus. Desta união nasceu o grande herói: Perseu. Esta pintura retrata o exato momento em que Zeus supera, mais uma vez, o homem.
O Triunfo da Morte, de Pieter Brueghel
O Triunfo da Morte é uma brilhante pintura de óleo no painel, feita pelo gravurista holandês Pieter Brueghel, em 1562. O artista é um dos nomes mais importantes da pintura renascentista holandesa e flamenga.
Esta obra de Brueghel encontra-se no Museu do Prado desde 1827.
No triunfo da morte, a morte é retratada com todas as classes sociais no mesmo nível, sendo algo inevitável e imbatível.
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A Adoração dos Pastores, de El Greco
A Adoração dos Pastores foi pintada entre 1612 e 1614. A pintura retrata uma passagem bíblica contada no Evangelho segundo São Lucas. Tem como objetivo mostrar a adoração dos pastores quando descobrem que tinha nascido o bebé divino. O momento em que recebem o anúncio do nascimento de Jesus pelo anjo Gabriel fica para sempre eternizado na obra.
Três de Maio, de Francisco de Goya
Também denominado Os fuzilamentos de três de Maio é um óleo sobre tela, e provavelmente dos mais famosos de Goya. Pintado em 1814, retrata o levantamento de 3 de maio de 1808, quando Napoleão invadiu o território espanhol.
As represarias que seguiram a este acontecimento deram origem a uma séria de execuções, como a do homem representado, tornando-o um símbolo do herói patriota e um símbolo da Revolução! É, portanto, uma representação deste período histórico do país e está no repertório do museu deste 1850.
Há algum nome que nos tenha passado ao lado? Alguma obra que ache que devia fazer parte desta nossa lista? Diga-nos nos comentários abaixo!