Quem é que não gosta de um doce? A verdade é que as sobremesas são uma parte essencial das nossas refeições, celebrações e festas. Quem é que, por exemplo, celebra um Natal sem sobremesas? Ninguém, é claro!
Entre receitas tradicionais portuguesas, desde o doce conventual àquelas receitas mais modernas, e até mesmo receitas estrangeiras que já são um elemento fixo lá em casa, há muito por onde escolher! A parte mais fícil será mesmo escolher apenas uma sobremesa ou receita para testar e provar.
Mas se não sabe o que fazer ou está à procura de ideias de sobremesas, veio ao sítio certo! Reunimos aqui uma lista de sobremesas com algumas das nossas sugestões daquelas receitas que não pode deixar de provar. Quer goste de bolo ou de um doce menos tradicional, temos opções para todos! Para além disso, se deseja aprimorar as suas técnicas na cozinha, explore o nosso curso culinaria.
O pão de ló ideal
O pão de ló é um dos doces mais emblemáticos da doçaria portuguesa. Na verdade, é mais do que um bolo, é uma verdadeira celebração da história e da tradição culinária portuguesa.
A história do pão de ló remonta ao período medieval, mas foi nos conventos portugueses, entre os séculos XVI e XVIII, que esta deliciosa iguaria ganhou fama. Na altura, as freiras utilizavam gemas de ovos para confecionar doces devido à abundância deste ingrediente, já que as claras eram frequentemente usadas para clarificar vinhos e para engomar roupa e conseguir os vincos perfeitos. Foi neste contexto que surgiu a primeira receita de pão de ló!
A iguaria ganhou dimensão internacional no século XVIII, quando o pão de ló português foi apresentado na corte japonesa como “kasutera” durante as trocas comerciais com os navegadores lusitanos. Desde então, o pão de ló tornou-se um símbolo não apenas da doçaria nacional, mas também da capacidade portuguesa de adaptar as tradições culinárias ao longo do tempo.
Se quiser fazer uma destas receitas em casa, só precisa de 3 ingredientes: ovos, açúcar e farinha!
A popularidade do doce é tal que existem no país diferentes variações regionais deste doce, e cada uma delas reflete as tradições e preferências locais, como:
- Pão de ló de Ovar: originário da cidade de Ovar, destaca-se pela sua textura cremosa no interior, quase líquida, resultado de uma cozedura breve em alta temperatura. É um dos mais apreciados em Portugal, especialmente na época da Páscoa;
- Pão de ló de Alfeizerão: semelhante à de Ovar, a versão de Alfeizerão também tem um interior húmido, mas a sua textura é ligeiramente mais densa. Reza a lenda que a receita surgiu de um erro culinário, quando um pão de ló foi retirado cedo demais do forno e, para surpresa de todos, foi um sucesso;
- Pão de ló de Margaride: esta versão de Felgueiras é seca e fofa, ideal para acompanhar com chá ou café. É considerado um dos mais antigos de Portugal, com registos históricos que datam de 1730;
- Pão de ló da Beira Alta: mais simples na apresentação, mas igualmente saborosa, esta versão próxima da tradicional às vezes também é servida em tabuleiros retangulares e cortada em pedaços.
A aletria perfeita!
A aletria é um dos doces mais tradicionais da gastronomia portuguesa, e marca presença em inúmeras celebrações familiares, especialmente na época do Natal. É mais do que uma sobremesa: é um elo entre o passado e o presente, uma prova da riqueza cultural e culinária de Portugal.

A palavra "aletria" tem origem árabe e deriva do termo al-irtiya, que se refere a um tipo de massa fina semelhante ao que hoje conhecemos como fios de ovos ou cabelo de anjo. A presença da aletria na culinária portuguesa remonta à influência mourisca na Península Ibérica, por volta do século VIII, quando os árabes trouxeram a tradição de utilizar massas finas em pratos doces e salgados.
Embora a aletria seja hoje em dia associada às sobremesas, a sua aplicação inicial era predominantemente salgada, como em sopas ou em pratos de acompanhamento de carne.
Foi nos conventos portugueses, durante a Idade Média, que a aletria ganhou a sua versão doce, com a introdução de ingredientes como o açúcar e o leite. Estes elementos, combinados com a massa fina, criaram a sobremesa de aletria que se tornaria um símbolo do Natal e outras festas portuguesas.
A versão mais tradicional da receita de aletria não inclui qualquer tipo de laticínios, nem ovos. É feita de forma muito mais simples, apenas com açúcar, água e canela.
Embora a base de uma travessa de aletria seja relativamente uniforme em todo o país, existem pequenas diferenças regionais que conferem identidade ao prato. Algumas zonas privilegiam a cremosidade e utilizam maior quantidade de líquido para o resultado final seja solto e cremoso. Outras mantêm-se fiéis à tradição antiga e utilizam exatamente os ingredientes com que a receita foi originalmente concebida. Ou seja, tem muito por onde escolher e experimentar.
Independentemente da versão que escolher, a base das receitas é massa, açúcar e canela. Como é que podia sair mal?
O melhor Red Velvet de sempre
O bolo Red Velvet, com a sua cor vibrante e textura macia, é um dos doces mais icónicos da confeitaria moderna. Apesar de parecer um clássico recente e do aumento da popularidade que se sentiu nos últimos anos, o Red Velvet tem uma história fascinante que remonta ao século XIX.

Durante esta época, os bolos "aveludados" (velvet cakes) era muito populares entre a elite europeia. Estes bolos eram conhecidos pela sua textura macia e esponjosa, que resultavam da utilização de farinhas peneiradas e da combinação de ácido (como vinagre ou leitelho) com bicarbonato de sódio, que ajudavam a criar uma migalha mais delicada.
A cor característica do Red Velvet, no entanto, só surgiu mais tarde, no início do século XX. Durante este período, a química natural entre o cacau em pó e os agentes ácidos da receita produzia um tom avermelhado suave na massa.
A introdução de corantes alimentares nos anos 1920 e 1930 permitiu intensificar a tonalidade, tornando o bolo ainda mais apelativo visualmente. O bolo ganhou popularidade nos Estados Unidos, especialmente no sul, onde se tornou um clássico das festas de casamento e outras ocasiões especiais.
Apesar de parecer complexa, a receita de Red Velvet é surpreendentemente fácil de preparar. No entanto, alcançar a textura, cor e sabor ideais exige alguma atenção aos detalhes. A combinação única de ingredientes, com o doce e o ácido, resulta num equilíbrio perfeito de sabores.
Tenha cuidado para não misturar demasiado os ingredientes, utilize um corante de qualidade e garanta que o fermento e o bicarbonato estão dentro de validade e frescos!
E a textura é tão importante como o sabor. O bolo deve ser leve e macio, mas ao mesmo tempo rico e húmido. É este contraste entre o visual dramático e o sabor delicado que torna o Red Velvet numa sobremesa inesquecível.
O cheesecake de chorar por mais
O cheesecake é uma das receitas sobremesas mais populares e versáteis. Com todas as diferentes possibilidades de bases, recheios e coberturas, pode ser preparado de diversas formas, dependendo da região, das tradições culinárias e, claro, dos gostos!

Embora muitas pessoas associem o cheesecake à cozinha americana, a sua origem é bem mais antiga. Os registos históricos sugerem que o primeiro cheesecake foi preparado na Grécia Antiga, por volta de 2000 a.C. Naquela época, o prato era feito com uma mistura de queijo fresco, mel e farinha, e era oferecido aos atletas durante os Jogos Olímpicos como fonte de energia.
O cheesecake chegou a Roma com os gregos, onde passou a ser enriquecido com ovos e cozido. Foi durante a Idade Média, na Europa, que a sobremesa evoluiu, com a adição de especiarias e sabores, como água de rosas.
Quando os colonos europeus chegaram às Américas, levaram consigo a tradição do cheesecake, que se desenvolveu para incluir ingredientes locais, como o queijo creme. Com o surgimento do queijo creme, o cheesecake ganhou a textura cremosa e o sabor rico que conhecemos hoje em dia, tornando-se um símbolo da doçaria americana. Já em Portugal, o cheesecake é um fenómeno mais recente, adaptado com ingredientes locais, como as bolachas Maria, resultando numa versão mais leve e refrescante.
Além da versão americana e a que consumimos aqui, também pode encontrar receitas de cheesecake um pouco por todo o mundo, incluindo:
- Espanha: a Tarta de queso Basca é conhecida pela sua aparência rústica, com uma superfície caramelizada e quase queimada e bordas irregulares;
- Japão: o Cotton Cheesecake ou soufflé cheesecake é leve, aerado e quase que se derrete na boca;
- Alemanha: o Käsekuchen é feito com quark, um tipo de queijo fresco muito popular na Alemanha;
- Itália: a Torta di Ricotta é, tal como o nome indicada feito com ricotta;
- França: o Gâteau au Fromage Blanc é a versão francesa que utiliza fromage blanc (um queijo fresco, leve e ácido), muito leve e quase semelhante a um pudim.
Ficou com vontade de experimentar alguma receita desta nossa lista de sobremesas? Se tiver alguma sugestão diga-nos abaixo nos comentários!