Muitas crianças em fase de alfabetização e jovens que ainda frequentam o ensino básico sentem dificuldades na língua portuguesa. Seja na fala, na leitura ou na escrita, estes estudantes precisam de um suporte extra para superarem as barreiras da aprendizagem do idioma.
Muitas vezes os pais têm dificuldade em lidar com estes problemas de compreensão. E a dúvida mais angustiantes é como é que podem ajudar os filhos a ultrapassar essas dificuldades. Nós na Superprof são a favor das explicações ou aulas particulares de português, porque sabemos que o apoio de profissional da área pode ser melhor solução para os aprendizes. Os educadores possuem a capacidade de detetar o tipo de barreira encontrada pelo pupilo, e escolher a metodologia mais adequada para cada perfil.
Mas, para quem não tem possibilidade de colocar o filhote em explicações, ou simplesmente prefere tentar colmatar essas falhas em casa, também podemos ajudar. Compilamos uma pequena lista dos erros ortográficos mais comuns entre os alunos do ensino básico que têm dificuldades na escrita. Não quer dizer que a criança não possa cometer outros, mas estes são aqueles onde a maioria tem dúvida.

Todos os pais (e até mesmo professores!) podem utilizá-la para ensinar aos mais pequenos como fazer redações em português sem ter erros! Por isso, continue a ler!
O alfabeto e a ortografia
A aprendizagem da língua portuguesa na infância, especialmente nos primeiros anos de escolarização, é um processo complexo e multifacetado que envolve o desenvolvimento de várias competências fundamentais. Esse processo pode ser dividido em três grandes áreas, que são interdependentes e se desenvolvem de forma progressiva ao longo da infância:
alfabetização
leitura
escrita
Vejamos um pouco mais sobre cada uma delas!
Alfabetização
A alfabetização é o primeiro passo formal na aprendizagem da língua portuguesa. Começa normalmente no ambiente familiar, onde as crianças têm os primeiros contactos com a linguagem escrita, seja nas histórias dos livros infantis ou mesmo com a exposição a palavras e letras no quotidiano. No ambiente escolar, a alfabetização é estruturada de forma mais sistemática, onde as crianças começam a aprender a associação entre sons e letras, aquilo a que se chama a correspondência fonema-grafema.

Este processo envolve inicialmente a identificação das letras do alfabeto e o reconhecimento dos seus respetivos sons. As crianças aprendem a segmentar as palavras em unidades menores, como sílabas e fonemas, e a combinar essas unidades para formar palavras. A consciência fonológica, ou seja, a capacidade de perceber e manipular os sons da língua, é um aspeto crucial da alfabetização. Através de atividades lúdicas e pedagógicas, como jogos de rima, cantigas e exercícios de segmentação silábica, as crianças desenvolvem essa capacidade.
A alfabetização também envolve o desenvolvimento da compreensão de que a escrita é uma representação da fala, e que há uma correspondência entre o que é dito e o que é escrito. À medida que entendem essa relação, passam a reconhecer palavras inteiras e a lê-las com maior fluidez.
Leitura
A leitura é o próximo passo no processo de aprendizagem da língua portuguesa, e a sua aquisição é um dos maiores desafios enfrentados pelas crianças durante a educação infantil. A leitura exige não apenas a decodificação de palavras, mas também a compreensão do significado do texto. Na fase inicial, as crianças concentram-se principalmente na decodificação, ou seja, em transformar os símbolos gráficos (letras e palavras) em sons.
É por isso que os professores utilizam textos simples e repetitivos, como histórias infantis, para ajudar as crianças a ganhar confiança na leitura.
À medida que as crianças se tornam mais proficientes na decodificação, o ênfase começa a mudar para a compreensão da leitura. Nesta fase, as crianças são incentivadas a fazer perguntas sobre o que estão a ler, a prever o que vai acontecer a seguir na história ou a relacionar o texto com as suas próprias experiências. Esse processo é fundamental para o desenvolvimento de capacidades críticas de leitura, como a inferência, a análise de informações e a síntese de ideias.
Além disso, a leitura em voz alta, tanto feita pelos professores como pelas próprias crianças, desempenha um papel crucial no desenvolvimento da fluência e da entoação. A leitura em voz alta ajuda as crianças a internalizar o ritmo e a melodia da linguagem, o que contribui para uma leitura mais expressiva e fluida.
Escrita
A escrita, por sua vez, é a expressão gráfica da linguagem e é um dos últimos aspetos a se desenvolver plenamente no processo de aprendizagem da língua. Na infância, o desenvolvimento da escrita começa de forma paralela à alfabetização, com as crianças a ser encorajadas a escrever as primeiras palavras, mesmo que sejam apenas tentativas fonéticas ou desenhos de letras. Esta fase inicial da escrita é essencial para que as crianças compreendam que esta é uma forma de comunicação e que é possível expressar ideias, sentimentos e informações através dela.
À medida que as crianças avançam na alfabetização, começam a escrever frases e pequenos textos. A prática regular ajuda as crianças a consolidar a relação entre som e grafia, a aplicar regras ortográficas e a organizar as suas ideias de forma coerente. A escrita na infância passa por várias etapas, desde a escrita pré-silábica, onde as crianças rabiscam ou escrevem letras aleatórias, até à escrita alfabética, onde conseguem representar foneticamente as palavras com precisão.

No ambiente escolar, os professores desempenham um papel vital na orientação das crianças durante o processo de escrita. Analisam e detetem erros na ortografia portuguesa, gramática e estrutura das frases, e ajudam as crianças a comunicar de forma clara e eficaz.
Todos os estudantes que frequentam o ensino básico de Educação deveriam passar por todas estas fases da aprendizagem. A consolidação deste conhecimento é o pilar da educação de base da língua portuguesa.
Infelizmente, esta não é a realidade de muitas crianças. Seja por problemas relacionados à dificuldade de aprendizagem (dislexia, por exemplo) ou pela não adaptação à metodologia apresentada na escola, muitos alunos avançam no seu percurso escolar sem ter o domínio adequado do idioma.
Saiba como encontrar as melhores aulas de português online na Superprof!
Os erros ortográficos
Já todos nós ouvimos dizer é que é através dos nossos erros que aprendemos. E a verdade é que a aprendizagem da escrita da língua portuguesa (para jornais) passa pelo mesmo processo. Assim que a criança aprende a identificar o som das letras e a identificar as letras presentes dentro das palavras, deve começar a pensar em como transcrevê-las para o papel.
Utilizando os conhecimentos que os pequeninos acabaram de adquirir durante a alfabetização, ou seja, o contacto com as letras do alfabeto, começam a aventura da escrita. Esta jornada acontece através de um "jogo" de erros e acertos, porque os pupilos ganham conhecimentos relacionados com a ortografia ao analisarem os erros ortográficos que cometem. Mas que erros são esses? Vamos ver alguns dos mais comuns.
Erros de transcrição da fala
Ocorrem quando a criança escreve (escreva melhor em português) a palavra como a pronuncia. É o caso da confusão entre o "c" e o "ç". Isto acontece principalmente porque as duas letras podem representar o mesmo som, especialmente em palavras como "receber" e "caçar". Os alunos tendem a utilizar o "ç" em situações onde o "c" deveria ser utilizado, ou vice-versa.

O "h" inicial em palavras como "hoje" ou "hora" também é uma fonte frequente de erros. Muitos alunos esquecem-se de incluir essa letra em palavras que exigem a sua presença, resultando em erros como "oje" ou "haver" em vez de "aver". Este tipo de erro ortográfico é particularmente comum em palavras que derivam de outras línguas ou onde a pronúncia não indica claramente a necessidade do "h".
O "s" e o "z" são outras consoantes que frequentemente causam dificuldades. A ortografia portuguesa tem regras específicas sobre quando devemos usar cada uma delas, mas os alunos muitas vezes erram ao escolher entre elas. Exemplos comuns incluem escrever "caza" em vez de "casa" ou "aseito" em vez de "aceito". A dificuldade reside na semelhança sonora entre as duas consoantes, especialmente em contextos onde o som não é bem distintivo.
Erros por super correção
Ocorrem quando a criança começa a perceber que nem sempre as palavras são escritas da forma como são pronunciadas. De tanto ser corrigida por causa dos erros de transcrição da fala (citados acima), pensam sempre quem devem mudar alguma letra a escrever, porque a palavra não deve estar certa.
Erros por desconhecimento das regras contextuais
Ocorrem quando a criança deixa de considerar a posição de uma letra ou som produzido por uma sílaba em relação a outras.
Por exemplo, quando escreve "pasarinho", porque desconhece que a letra "s" entre vogais tem o som de "z". Ou ainda quando escreve "gitarra", porque não sabe que a letra "g" à frente de "e" e "i" apresenta um som diferente daquele de quando está à frente das vogais "a", "o", ou "u".
Da mesma forma, a regra de usar "m" antes de "p" e "b", e "n" antes das demais consoantes, é frequentemente desrespeitada. Assim, palavras como "também" e "conta" podem ser escritas como "tanbém" e "comta". Este erro é comum porque os alunos não compreendem completamente a regra ou simplesmente não a aplicam de forma consistente.
Erros na marcação da nasalização
Acontece quando a criança não deteta a diferença entre vogais nasais e orais, como na escrita de "iteiro" (inteiro). Nas palavras em que o som das vogais "e" e "i" ou "o" e "u" é semelhante, os alunos muitas vezes cometem erros. Escrever "demais" como "dimais" é outro exemplo desta confusão. Isto acontece principalmente quando os estudantes não prestam atenção à pronúncia e à grafia correta das palavras, resultando em palavras que, embora foneticamente semelhantes, têm grafias e significados diferentes.
Erros de acentuação
A acentuação gráfica também é uma área problemática. Os alunos muitas vezes esquecem de acentuar palavras que exigem acentos ou utilizam acentos em locais incorretos. Exemplos incluem a troca entre "pára" (verbo) e "para" (preposição), ou a ausência de acento em palavras como "avô" e "avó", que sem acento se tornam homógrafas (palavras iguais com significados diferentes) e perdem o sentido correto no contexto da frase.
Erros devidos à concorrência
A ortografia de algumas palavras está mais ligada à sua origem do que aos sons das letras propriamente ditos. Ou seja, a escolha da letra apropriada para representar certo fonema depende não de aspetos fonológicos, mas da etimologia ou de aspetos morfológicos.
Exemplo disso é a utilização de "s" ou "z" entre vogais, o uso de "ss" ou "ç" a seguir a "a", "o" e "u", a utilização de "g" ou "j" a seguir a "e" e "i", a utilização de "x" ou "ch" em várias palavras. Outro erro recorrente é a confusão entre o "x" e o "ch". Palavras como "chave" e "exame" são frequentemente mal escritas como "xave" e "echame".
Erros nas sílabas complexas
Ocorrem na escrita de sílabas com estruturas diferentes, que não sejam consoante-vogal. "Boboleta" (borboleta) ou "baço" (braço) são um bom exemplo deste tipo de erro. A utilização inadequada dos dígrafos "nh", "lh" e "ch" também pode ser classificado nessa categoria, como ao escrever "coelo" em vez de "coelho", por exemplo.
Erros por troca de letras
Acontece quando a letra errada é escolhida para representar determinado som, ou na troca entre consoantes mudas e sonoras como:
"p" por "b"
"t" por "d"
"c" por "g"
Em palavras como "psicologia" e "gnomo", as consoantes iniciais "p" e "g" são mudas, mas essenciais para a grafia correta. Muitos alunos deixam de incluí-las, resultando em erros como "sicologia" e "nomo".
Erros de segmentação
Na escrita de textos, os erros mais comuns em português são caracterizados pela segmentação não convencional das palavras. Regra geral, os mais pequenos segmentam a palavra onde não é necessário, por existir uma separação na versão oral. Exemplo, "a migo" em vez de "amigo".
Como corrigir os erros ortográficos?
Corrigir a ortografia das crianças requer uma abordagem multidisciplinar que métodos tradicionais e inovações pedagógicas. Deixamos aqui alguns métodos e sugestões de atividades para melhorar o desenvolvimento da ortografia das crianças que cometem constantemente os erros citados acima.
Transcrição da fala
A principal questão a ser trabalhada é a distinção entre fala e escrita, bem como a compreensão de que o padrão acústico-articulatório (como as palavras são pronunciadas) nem sempre é suficiente para determinar a escrita.

Nestes casos o ideal é desenvolver atividades que enfatizem a diferença entre a forma como pronunciamos certas palavras e a forma como a escrevemos. Isto por ser feito através de músicas cantadas, gravações de pessoas a conversar, etc. Em seguida, é importante a identificação dos fonemas componentes das palavras, assim como a diferença entre oralidade e grafismo.
Os ditados são uma estratégia tradicional, mas ainda eficaz para reforçar a ortografia. O professor pode ditar frases ou parágrafos inteiros e, em seguida, revisar o texto com os alunos, apontando e corrigindo erros.
Os ditados podem ser adaptados ao nível de dificuldade apropriado para cada grupo de alunos, garantindo que sejam desafiantes, mas não desmotivadores.
Troca de letras
Para crianças que cometem este tipo de erro ortográfico, é necessário destacar na própria fala a identificação e diferenciação dos fonemas surdos e sonoros. Isto pode ser feito ao relacionar o som a ser escrito com a letra específica.
Para tal, é importante trabalhar atividades nas quais a criança possa, por exemplo, separar figuras dos grupos que têm o som de "f" daquelas com som de "v". Trocar intencionalmente a letra, de modo que a criança perceba essa troca, é outra boa opção. Espera-se, assim, que a criança domine, aos poucos, a escrita.
Nasalização e sílabas complexas
Para alcançar um desenvolvimento no que diz respeito a esta dificuldade, a criança deve ser estimulada a identificar todos os fonemas que compõem as palavras, bem como as letras que os representam. Deve ser levada a compreender as diversas construções silábicas através de atividades de separação de sílabas e análise da quantidade de fonemas e letras presentes em cada sílaba.
Atividades nas quais o pupilo seja confrontado com omissões e acréscimos de fonemas e letras, como o marcador de nasalização ("n" ou "m"), são úteis na perceção da utilização de todas as letras.

Regras contextuais e morfossintáticas e etimologia
A criança deve compreender as várias relações estabelecidas entre letra e som. Uma estratégia pedagógica útil consiste em atividades de pesquisa e classificação de palavras que tenham determinada regra contextual. Um exemplo disso são os exercícios que proponham a separação de palavras que contenham a letra "c" com som de "k" daquelas cujo "c" tem som de "s", observando e discutindo as regularidades presentes em cada caso.
Quando se tratam de palavras irregulares devido a aspetos etimológicos, como a utilização da letra "h" no início das palavras e a concorrência entre "x" e "ch" por exemplo, a memorização das grafias mais frequentes e a utilização do dicionário em caso de dúvidas devem ser estimulados.
Mas ensinar e reforçar regras ortográficas de português específicas de forma sistemática é crucial. Por exemplo, dedicar uma aula a rever a utilização correta de "c" e "ç" ou "s" e "z" pode ajudar os alunos a internalizar essas regras. Os professores devem criar exercícios que desafiem os alunos a aplicar essas regras em contextos diferentes, fortalecendo assim a sua compreensão e aplicação prática.
Segmentação
A fala apresenta um fluxo contínuo em que as palavras aparecem interligadas. No entanto, são separadas na escrita. Para a superação deste tipo de erro, torna-se importante a diferenciação entre a forma como falamos e a forma como escrevemos.

Boas sugestões de atividades são aquelas que trabalham as noções do que é uma frase e do que elementos é composta (palavras). Outros exercícios consistem em escrever as frases com as palavras todas juntas e pedir à criança que as separe, que ordene as palavras embaralhadas de uma frase ou que complete as frases com possíveis palavras que estejam a faltar.
E, sempre que possível, deve utilizar jogos educativos, Jogos que envolvem ortografia, como palavras cruzadas, caça-palavras ou concursos de soletrar, podem tornar a aprendizagem mais divertido e eficaz.
Estes jogos ajudam os alunos a fixar a grafia correta das palavras de forma lúdica, tornando o processo mais envolvente e menos monótono. Encontra muitos livros com atividades deste tipo, mas também pode procurar online!
A internet está repleta de recursos que pode aproveitar para treinar a ortografia dos mais pequenos e que lhe podem sair bastante mais baratos. Alguns até são totalmente gratuitos!
Encontre bons professores para aulas de portugues na Superprof e receba toda a ajuda de que precisa!