A língua e a cultura de um país pode ser aprendida através de vários meios: com a música, na televisão, em casa com os pais e familiares, na escola com os professores e colegas e também com o cinema. É verdade! Os dois assuntos são muito ricos: falar da sétima arte já é uma ciência em si. Falar da língua portuguesa também é um tema para a vida inteira. E falar dos dois ao mesmo tempo? Parece demais?

Não, é sempre bom lembrar que o cinema é uma linguagem, tal como o português. Para entender todas as sutilezas que as imagens e os diálogos dos personagens querem nos transmitir, tudo isso tem que ser trabalhado como se fosse um texto. Uma linha contínua marcada por vários tipos de linguagem.

Mas também nunca é demais de enfatizar que o cinema é uma arte. Por isso, mesmo que exista uma mensagem a ser transmitida, esta pode ser abstrata e ser entendida de várias maneiras, dependendo de quem recebe a mensagem e da forma como ela é transmitida.

Vamos então falar de algumas obras que marcaram o cinema brasileiro e que nos podem ensinar algumas coisas sobre a cultura e a história do país!

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A evolução do cinema brasileiro

O cinema brasileiro foi construído sobre tensões entre tradição e experimentalismo, entre crueza social e vertigem poética. Ao longo de mais de um século, alternou fases de expansão e de crise, atravessou a censura, reinventou-se com criatividade e conquistou o reconhecimento global.

homem a segurar câmara de filmar

A primeira corrente cinematográfica brasileira, o Cinema Novo, teve muita influência do neorrealismo italiano e da Nouvelle Vague francesa. As duas correntes estrangeiras começaram a tratar de assuntos simples nas telas como o quotidiano, a vida das famílias pobres, a realidade social das pessoas etc.

O neorrealismo italiano foi inspirado no realismo francês poético. Os filmes eram considerados quase documentários porque retratavam personagens e a realidade de uma forma muito próxima do real.

Já a Nouvelle Vague francesa inovou muito na forma de filmar as cenas, transgredindo de tudo que era feito anteriormente. Além disso, os assuntos de amor e vida pessoal dos personagens eram sempre o centro das narrativas dos filmes.

Descubra também o impacto da MPB!

Os primórdios e era dos estúdios (até aos anos 1950)

O início do cinema brasileiro era bastante diferente do que vemos hoje em dia. Podemos garantir que eram muito diferentes dos filmes brasileiros na Netflix atuais!

Limite de Mário Peixoto (1931)

Considerado o mais enigmático dos primeiros filmes brasileiros, Limite é uma obra abstrata e poética, sem diálogos, que segue três personagens num barco à deriva no mar. A câmara, quase líquida, capta gestos vagos, silêncios densos, imagens estéticas que desafiam a narrativa convencional. Foi subsumido em esquecimento até às décadas de 1970–80, quando foi redescoberto pela crítica mais exigente, tornando-se um marco do cinema vanguardista em território nacional. Em 2015, foi eleito o melhor filme brasileiro pela Abraccine.

videocam
Uma arte complexa

As imagens são tão relevantes como os silêncios entre planos.

Limite não é apenas um filme mudo de autor, é um manifesto cinéfilo de liberdade visual. A escolha do espaço marítimo sugere uma deriva emocional, entre solidão, transcendência e ausência de sentido.

O Cangaceiro de Lima Barreto (1953)

Esta longa metragem, que estreou em Cannes com a sua banda sonora (“Mulher Rendeira”), foi a primeira a alcançar sucesso internacional. Traz à tela o cangaço nordestino, um grupo marginal de rebeldes que habitava o sertão, e transportou a figura de Lampião para um imaginário global. Foi também pioneiro na exportação da cultura regional do Brasil através do cinema, e abriu portas para produções posteriores que se inspirariam nas culturas nordestinas com plena confiança estética.

Cinema Novo (anos 1950–1960)

Inspirando-se no neorrealismo italiano, o Cinema Novo emergiu como movimento político-estético que procurava retratar a miséria, a desigualdade e a alma popular brasileira através de recursos formais modernos, como câmara na mão, elenco não profissional, luz natural, realismo radical.

Rio, 40 Graus de Nelson Pereira dos Santos (1955)

Considerado o primeiro filme do Cinema Novo, mistura ficção e documentário para retratar o quotidiano de cinco jovens da favela carioca num sábado de calor intenso. A censura militar retém o filme ao alegar que os 40 graus do título não se verificavam na cidade, mas, na verdade, rejeita o projeto por denunciar a desigualdade social. A obra foi um sucesso entre intelectuais e jovens cineastas.

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Todas estas obras mencionadas aqui deixaram a sua marca na história da sétima arte e na história e cultura do país. | Fonte: Pexels

Esteticamente, o filme utiliza a câmara portátil para captar a vida real do subúrbio, o samba de Zé Kéti (que também atua), e uma montagem que alterna planos curtos e fragmentados, e abre caminho para a "estética da fome".

Vidas Secas de Nelson Pereira dos Santos (1963)

A adaptação do romance de Graciliano Ramos. Segue uma família sertaneja em fuga da seca, que luta contra a aridez existencial. Com luz natural, paisagens duras e atores amadores, o realizador consegue um retrato emocionalmente poderoso da resistência no sertão.

Barravento de Glauber Rocha (1962)

A obra de estreia de Glauber e a peça central do Cinema Novo. Situada no litoral baiano, narra o conflito entre trabalhadores pesqueiros e a corrupção religiosa/tradicional. O candomblé aparece como força espiritual e política, símbolo de resistência e libertação.

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Para além do que os olhos veem

O cenário natural é usado de forma quase ritual, com ritmo contido, imagens silenciosas, planos estáticos e valores estéticos fortemente simbólicos que antecipam o estilo posterior de Rocha.

Deus e o Diabo na Terra do Sol de Glauber Rocha (1964)

Uma das obras mais influentes do Cinema Novo. Ao retratar a jornada de Fabiano, o vaqueiro que vive sob a opressão dos coronéis, Glauber introduz temas de misticismo, violência, fé e revolta. Precedido pela estética da fome, o filme mistura realismo, alegoria, crítica social, e inaugurou a figura do "sertão cinematográfico". O realizador retirou inspiração da literatura de Guimarães Rosa e da tradição oral nordestina.

Terra em Transe de Glauber Rocha (1967)

A obra mais política e poética de Glauber, estruturada como alegoria e protagonizada por Paulo Martins, jornalista num país fictício, Eldorado. Denuncia o populismo, o fraturamento político e a corrupção intelectual. O filme foi premiado com o Leopardo de Ouro em Locarno e é citado por críticos como uma obra radical que funde imagem barroca e revolução democrática.

O estilo é fragmentado: câmara na mão, som dissonante, montagem abrupta. Figurativamente violento, quase em transe, seguindo a teoria estética de Rocha de provocar o espectador a "convulsão da imagem".

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Cinema Marginal e Era EMBRAFILME(1969–1980)

Nesta fase dominou uma produção crítica à censura e às estruturas culturais, bem como adaptações de literatura nacional. O Estado criou a EMBRAFILME para apoiar produções, mas a censura continuou ativa, e estimulou formas de contorno, humor, violência e sensualidade.

Orgia ou O Homem Que Deu Cria de Júlio Bressane (1970)

Uma obra do Cinema Marginal que rompeu com estilos clássicos e explorava os limites da moral e narrativa. Mergulha em sexualidade, imaginação delirante, violência simbólica, numa linguagem alegórica, crítica e caótica.

Dona Flor e Seus Dois Maridos de Bruno Barreto (1976)

Uma adaptação de Jorge Amado, com Sónia Braga no papel principal. A mistura de erotismo, humor e fé popular impulsionou o filme à liderança de bilheteiras. Retrata o romance entre Dona Flor, o espírito do marido Vadinho e o novo marido, o farmacêutico Teodoro, em Salvador. É exemplo de como a literatura tem a capacidade de atingir uma audiência massiva, enquanto mantinha uma profundidade cultural sobre sincretismo religioso e auto figuração feminina.

Bye Bye Brasil de Cacá Diegues (1979)

Segue uma caravana de artistas populares que viaja pelo interior do Brasil, e tem que enfrentar o choque entre cultura tradicional e modernidade. Filmado com elegância poética e crítica social, foi premiado em Cannes, destacado pela integração visual do sertão com questões políticas do pós-ditadura.

Cabra Marcado para Morrer de Eduardo Coutinho (1984)

Iniciado em 1964, este documentário retratava o líder camponês João Pedro Teixeira antes de ser assassinado, mas a produção foi interrompida pela ditadura. Reativada nos anos 1980, tornou-se um híbrido documental/ficcional, e conta com depoimentos dos camponeses que participaram do filme original.

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Sabia que?

A obra transformou-se num testemunho político da luta agrária, da censura e da violência rural.

Sabe quais são os poetas brasileiros mais influentes?

Golden Years e cinema de prestígio (anos 1960–1990)

Estas décadas foram das mais premiadas na história da sétima arte no país e, por isso, são muitas vezes referidas como a época do cinema de prestígio.

O Pagador de Promessas de Anselmo Duarte (1962)

O primeiro filme brasileiro a vencer a Palma de Ouro em Cannes e a ser nomeado aos Óscares. Uma adaptação da peça de Dias Gomes sobre fé e intolerância: Zé do Burro faz promessas para salvar o seu animal, mas enfrenta a hostilidade da Igreja Católica. O filme concentra a tensão entre fé popular, aparato institucional e moral conservadora.

Orfeu Negro de Marcel Camus (1959)

Baseado na obra de Vinícius de Moraes, retrata o mito de Orfeu e Eurídice no Carnaval carioca. O filme venceu a Palma de Ouro em Cannes e o Óscar de melhor filme estrangeiro. Construiu uma imagem latina do Brasil, valorizando a cultura afro-brasileira.

A Hora da Estrela de Suzana Amaral (1985)

Esta obra adapta o romance de Clarice Lispector, com Marcélia Cartaxo no papel da fragilizada Macabéa. É uma obra sensitiva, intimista, arrasadora, e premiada internacionalmente.

pessoas a ver filme no cinema
Romance, thriler, documentário, drama ou comédia, o cinema brasileiro tem obras para todos os gostos e interesses! | Fonte: Pexels

Ilha das Flores de Jorge Furtado (1989)

Um documentário curta no qual um tomate inicia uma viagem absurda, e denuncia o consumo, a desigualdade e o descarte de seres humanos. Ganhou notoriedade e é considerado um dos melhores documentários brasileiros, pela crítica social ácida e montagem irónica.

A Retomada do cinema brasileiro (anos 1990–2000)

Após a crise da EMBRAFILME e a redemocratização, surge a “Retomada”, um movimento impulsionado pela Lei do Audiovisual e incentivo estatal. Durante esta épica destacam‑se cineastas que alcançam sucesso crítico e comercial.

Carlota Joaquina – A Princesa do Brasil de Carla Camurati (1995)

Um filme satírico sobre a corte portuguesa no Brasil colonial, que recuperou interesse nacional e despertou a nova safra de cineastas. Usou humor, crítica política e refinamento visual para criar uma estética renovada.

O Quatrilho de Fábio Barreto (1995)

Adaptado de José Clemente Pozenato, retrata imigrantes italianos no sul do Brasil e um triângulo amoroso que os assola. Foi nomeado a um Óscar e a fotografia, a ambientação histórica e a performance da Glória Pires destacaram‑no da concorrência.

O Que É Isso, Companheiro? de Bruno Barreto (1997)

Baseado no livro de Fernando Gabeira, narra o sequestro de embaixador americano em 1969. Foi nomeado a um Óscar e despertou debates sobre militância, predisposição política e narrativa histórica.

@henrikress

simplesmente meu filme nacional favorito!! 🌟🫶🏼 o que é isso, companheiro? #filme #filmenacional #tiktokmefezassistir #cinemanacional #filmesgloboplay

♬ som original - Henri Kress

Central do Brasil de Walter Salles (1998)

Explora a jornada de Dora, uma professora que escreve cartas para analfabetos na Estação Central do Brasil, e Josué, um menino à procura do pai. O desempenho de Fernanda Montenegro valeu-lhe o Urso de Ouro em Berlim e a nomeação ao Óscar. O filme oferece poesia sentimental e denúncia social, ao mesmo tempo.

Cidade de Deus de Fernando Meirelles & Kátia Lund (2002)

Um retrato visceral da criminalidade na favela homónima, entre as décadas de 1960 e 1980. Foi nomeado a quatro Óscares e considerado um dos melhores filmes da década, pela sua edição frenética, ritmo enérgico, casting de atores não profissionais e narrativa épica da violência urbana.

Carandiru de Hector Babenco (2003)

Baseado no livro de Drauzio Varella, retrata a realidade do cárcere Carandiru e o massacre de 1992. Recebeu vários prémios em Cannes e aprofundou a discussão sobre os direitos humanos no Brasil.

Tropa de Elite de José Padilha (2007)

Retrata o BOPE a trabalhar nas favelas do Rio, com foco na corrupção policial e o dilema ético. Venceu o Urso de Ouro em Berlim e tornou-se um verdadeiro fenómeno de bilheteira. O estilo operático e crítico (entre o documentário e o thriller) dominou debates sobre violência urbana e segurança pública.

Cinema contemporâneo e vozes regionais (2010–2025)

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Sabia que?

A partir dos anos 2010, cresceu o protagonismo de cineastas nordestinos e surgem filmes que ampliam o debate social com novos olhares sobre raça, género e memória.

Capitães da Areia de Cecília Amado e Stefano Pretti (2011)

A adaptação do romance de Jorge Amado que narra a vida de meninos de rua em Salvador. Embora não tenha alcançado um grande sucesso na bilheteira, foi valorizada pelo seu valor literário e composição poética.

Que Horas Ela Volta? de Anna Muylaert (2015)

Este filme conta a história de Val, uma empregada doméstica em São Paulo, que tem a filha a viver no interior. Quando a filha se muda para a capital, abala as hierarquias de classe. O filme foi bem-recebido em Berlim e ganhou prémios pelo argumento e interpretação.

Bacurau de Kleber Mendonça Filho & Juliano Dornelles (2019)

Mistura ficção científica, sede de vingança e crítica social num pequeno vilarejo do sertão. Venceu o Grande Prémio do Júri em Cannes e foi elogiado pela sua metáfora do colonialismo, das elites e da resistência comunitária. O filme mistura tonalidades épicas e humor negro, com influência dos westerns e do surrealismo político.

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Temáticas e estilos do cinema brasileiro

Ainda que cada obra que mencionamos neste artigo tenha as suas próprias características, existem alguns temas e estilos que são comuns a várias delas.

mulher sentada no repouso de uma cadeira em sala de cinema
Temas como colonialismo, sofrimento, desigualdade e identidade estão muito presentes nestas obras. | Fonte: Pexels

Se estiver a fazer uma maratona de filmes brasileiros, irá reparar em repetição de temáticas como:

  • Realidade sociopolítica: os nomes citados exploram fome (Ilha das Flores), violência urbana (Cidade de Deus, Tropa de Elite), ditadura (Terra em Transe, Cabra Marcado para Morrer), opção pelos excluídos (Rio, 40 Graus, Barravento) e o sistema prisional (Carandiru). Servem como janelas para temas persistentes na sociedade;
  • Identidade regional: com foco rural, sertanejo (Vidas Secas, Deus e o Diabo, Bacurau) ou urbano (Central do Brasil, Que Horas Ela Volta?), o cinema brasileiro celebra a diversidade de regiões e traduziu as tensões entre o interior e o litoral, o campo e a cidade;
  • Estética da fome e transe: o Cinema Novo introduziu a "estética da fome", um estilo brutal, minimalista e político, e os filmes de Glauber Rocha introduziram o “transe da imagem”, com violência ao espectador, rutura narrativa, câmara subjetiva, excessos visuais que colocam o filme como experiência sensorial e crítica;
  • Adaptação literária: múltiplos filmes nasceram de obras escritas, como Vidas Secas, Dona Flor e Seus Dois Maridos, Central do Brasil, A Hora da Estrela, Capitães da Areia, O Pagador de Promessas. Estes filmes mostram como o cinema se alimenta da literatura para construir repertórios culturais nacionais.

A importância do cinema brasileiro é facilmente evidenciada pelo seu reconhecimento internacional. O Pagador de Promessas e Orfeu Negro venceram a Palma de Ouro. O Quatrilho, O Que É Isso, Companheiro?, Os Pagadores de Promessas foram nomeados aos Óscares. Tropa de Elite e Dona Flor fizeram furor nas bilheteiras. Terra em Transe, Rio, 40 Graus e Bacurau ganharam festivais como Cannes, Locarno e Berlim, alicerçando a relevância global do cinema brasileiro.

No fundo, os filmes brasileiros recentes e antigos acompanham a construção do próprio país, a nível cultural, política e esteticamente. Desde imagens poéticas e abstratas (Limite), passando pela denúncia social e política do Cinema Novo, pelo humor e erotismo das adaptações de Jorge Amado e pela recuperação histórica da Retomada, o cinema nacional oferece um repertório profundo de formas, vozes e linguagens!

Os filmes destacados refletem um Brasil multifacetado: tristes, resilientes, festivos, violentos, políticos. Revelam conflitos entre classes, crenças, origens e identidades. Mas, acima de tudo, demonstram que o cinema brasileiro é uma arte viva, em constante transformação, disposta a pensar, emocionar e reinventar-se, no diálogo com o mundo e consigo mesmo.

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Louizy

Graduada em publicidade e especializada em Marketing. Adora ler e escrever sobre tudo e mais um pouco.

Catarina

Eterna otimista, com um bichinho por viajar. Apaixonada por literatura e ficção. Metro e meio de pessoa, vivo pelo lema "Though she be but little, she is fierce". Trabalho atualmente como tradutora e redatora freelancer.